Surrealismo


Contextualização: história do movimento, período e locais

O movimento surrealista surgiu na França após a 1ª Guerra Mundial e influenciado pela psicanálise, ao mesmo tempo em que a arquitetura e o desenho industrial passam a ser mais racionalistas, considerado por Argan (1992) o momento culminante da École de Paris.
Segundo Argan o surrealismo é uma das vertentes do dadaísmo, “utilizando-se de sua teoria do irracional ou inconsciente na arte”, não chegando a ser uma fusão, mas sim uma derivação.
Em meados da década de 20, o poeta André Breton, ex dadaísta, publica na França o Manifesto do Surrealismo que trazia ideias freudianas, ligadas à psicanálise e ao subconsciente. André Breton foi o primeiro escritor a utilizar o termo, publicando o Manifesto do Surrealismo em 1924, marcando assim o início do movimento. Breton era médico psiquiatra e estudioso de Freud, tendo sido influenciado pelas teorias psicanalíticas. Ainda segundo Argan, a arte seria uma “comunicação vital, biopsíquica, do indivíduo por meio de símbolos”.

"SURREALISMO, s.m. Automatismo psíquico em estado puro mediante o qual se propõe exprimir, verbalmente, por escrito, ou por qualquer outro meio, o funcionamento do pensamento. Ditado do pensamento, suspenso qualquer controle exercido pela razão, alheio a qualquer preocupação estética ou moral." Breton (1924)

A partir da publicação de Breton, outros pintores e literatos da época, começam a se identificar com o movimento surrealista e passam a seguir seus ideais. O Surrealismo possuía profunda ligação com o a filosofia, onde a liberdade estava em primeiro lugar para os adeptos.
No Brasil, as ideias surrealistas foram absorvidas nas décadas de 1920 e 1930 pelo movimento modernista.
Podemos observar características surrealistas nas pinturas “Nu” (FIG.1) de Ismael Nery e “Abaporu” (FIG.2) da artista Tarsila do Amaral. A obra Eu Vi o Mundo, Ele Começava no Recife (FIG.3) do artista pernambucano Cícero Dias, apresenta muitas características do surrealismo também.
Figura 1: Nu de Ismael Nery

 
Figura 2: Abaporu de Tarsila do Amaral
Fonte: http://www.tarsiladoamaral.com.br/versao_antiga/historia.htm

Figura 3: Eu vi o Mundo, Ele Começava no Recife de Cícero Dias
Fonte: http://recifesobre2rodas.blogspot.com.br/2011/01/homenagem-cicero-dias.html

Características do Movimento

O surrealismo propõe o absurdo do conjunto. Ostrower diz: “O Surrealismo se caracteriza por uma visão de ligações estranhas entre objetos familiares”.
A temática do surrealismo procura ilustrar esses aspectos imaginativos, fazendo com que o universo dos sonhos e das ilusões seja ilustrado com formas conhecidas em situações diferentes das que conhecemos.
Formas baseadas nas fantasias, sonhos e inconsciente: Um dos princípios surrealistas era o automatismo psíquico, “mediante o qual se pretende expressar, seja verbalmente ou de outra maneira, o funcionamento real do pensamento”, conforme Breton. O resultado é a escrita automática sem a supervisão da razão, da moral e da estética, permitindo ao artista a liberdade criadora.
Outra característica importante era a valorização das formas ilógicas e irracionais do conhecimento, que foram reafirmadas com as teorias de Freud e aproximou a arte da psicanálise, celebrando as ideias, os sonhos, a imaginação, a associação livre, a hipnose os estados de transe e loucura.
Impressão espacial criando ilusões óticas: Há um estabelecimento de uma arte fantástica, que surpreenda continuamente, com figuras irreais que lembram delírios, com objetos incongruentes e extravagantes.
E ainda, a busca da perfeição do desenho e das cores, dentro da dimensão do imaginário; dissociação de imagem e legenda, desvinculando as formas de qualquer tema lógico; e uma forte ligação da estética surrealista com a política, mais especificamente comunista.

Principais Participantes e Suas Obras

  • Giorgio de Chirico. Obras: O enigma da Hora; Melancolia de uma Bela Tarde; As Musas Inquietantes.
  •  Max Ernst. Obras: O Olho do Silêncio; O Anjo do Início; O Vestuário da Noiva.
  • Joan Miró. Obras: Retrato da Bailarina Espanhola; O Carnaval de Arlequim; Interior Holandês.
  • René Magritte. Obras: Madame Recamier; Gonconda; La thérapeute.
  • Salvador Dalí. Obras: A Persistência da Memória; O sono; A Última Ceia.
  • Marc Chagall. Obras: Eu e a Princesa; O Prometido; A chuva.
  • Pablo Picasso. Obras: Absinto; A Morte de Casagemas; Miseráveis Diante do Mar.
  • Marcel Duchamp. Obras: Roda de Bicicleta; Fonte; Ar de Paris.
  • Paul Klee. Obras: Revolução do Viaduto; Pavilhão Embandeirado; O Peixe Dourado.
  • André Masson. Obras: El Musico; La Muete; Mochuì.
  • Hans Arp. Obras: Três Mulheres; Papel Rasgado; Folhas Siamesas.
 Análise de Obras

  • Salvador Dalí
 
    Figura 4: A Persistência da Memória, Salvador Dalí.

Na pintura de Dalí, a imagem retrata relógios que se ligam à memoria e que juntos exprimem a ideia de que com o passar do tempo as memórias vão se apagando e derretendo como os objetos na imagem.
 
  • René Magritte
 Figura 5: Invenção Coletiva, René Magritte.

Em Invenção Coletiva, Magritte cria uma sereia não tão convencional, fazendo seu corpo de forma inversa à aquilo que estamos acostumados a ver. O artista deixa a imaginação do expectador livre para interpretar a pintura da forma que desejar.

  • Max Ernst
Figura 6: Ocell de Foc, Max Ernst.


Ernst retratava elementos demoníacos em suas obras, e em Ocell de Foc não foi diferente. O artista faz em uma pintura, uma espécie de fantasma com um lado sombrio. A presença da cor vermelha assimila-se ao sangue


  • Joan Miró
  Figura 7: Personagem Atirando uma Pedra num Pássaro, Joan Miró

Miró em “Personagem Atirando uma Pedra num Pássaro”, cria contraste de cores, formas irreais para seus personagens e para que haja compreensão da obra, é preciso que busque o nome da mesma, assim tentando visualizá-la no mundo real.

 Conclusão

O surrealismo foi a corrente artística moderna que representou o irracional e o subconsciente, com origem dadaísta, levando os artistas a buscar uma experiência interior no campo do desconhecido, utilizando-se da imaginação, hipnose, sonhos ou alucinações, realizando obras com forte significado fantástico, surreal, ilógico, pregando a livre associação e análise dos sonhos. Os surrealistas tentam retratar o subconsciente e o inconsciente.

 Bibliografia

ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna. 2 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

BRETON, André. Manifesto do Surrealismo. 1ed. Rio de Janeiro: Nau Editora, 2001.

INFOESCOLA: Navegando e Aprendendo. Disponível em <http://www.infoescola.com/movimentos-artisticos/surrealismo/>. Acesso em 27/03/2012.

MUNDO EDUCAÇÃO. Disponível em <http://www.mundoeducacao.com.br/literatura/surrealismo.htm>. Acesso em 27/03/2012.

OCAIW. Disponível em <http://www.ocaiw.com/catalog/index.php?catalog=pitt&author=542&lang=pt>. Acesso em 27/03/2012.

OSTROWER, Fayga. Universos da Arte. 3 ed. Rio de Janeiro: Editora Campos, 2004.

SURREALISMO: Criando com a linguagem dos sonhos. Disponível em <http://educacao.uol.com.br/artes/surrealismo-criando-com-a-linguagem-dos-sonhos.jhtm>. Acesso em 27/03/2012.



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