Exposição Só Lâmina, Carolina e Luz Negra

 Só Lâmina

Só Lâmina é uma série de desenhos em relevo, criada com inspiração na poesia de João Cabral de Melo Neto, Uma Faca Só Lâmina.

Nestas obras o artista utilizou pelúcia, metal, tinta e espelho/vidro. O contraste de materiais da pelúcia com o metal e da tinta com o vidro, mostram as dualidades e a busca pelo equilíbrio, o caminho do meio.

A tinta é preparada com pigmento em pó, vaselina pastosa, parafina líquida e terebentina, dando a consistência ideal para que a mesma não escorra, e contrasta com o vidro ou espelho. Nas placas foram gravados os versos extraídos do poema de João Cabral. O metal frio das placas fica sobreposto à pelúcia, quente e macia.

A obra de Nuno é “um desenho que parece pintura, pintura que parece escultura, e escultura que é instalação”.

Carolina 

Carolina é uma instalação, dita por Nuno como uma “escultura falada”, com texto do próprio artista, e narrada por Marat Descartes e Gero Camilo. Consiste em duas caixas de som dispostas na sala, onde se ouve um diálogo entre dois homens. É um diálogo de palavras soltas do dia-a-dia, pedaços de músicas e poesias, que duram aproximadamente duas horas. Não chega a ser uma conversa, pois não se prende a continuidade das falas, mas se mantém em perguntas e respostas, com o intuito de dar som e imagem às palavras. Carolina é a personagem presente que não responde. 

Luz Negra 

Luz Negra também é uma instalação, com imagens e música. Um vídeo gravado em 2002, no interior de São Paulo, com imagens de terra ressecada, debaixo de um extenso céu azul e o forte sol. 

No vídeo, a música vêm do chão, abafada como a voz de Nelson Cavaquinho. As caixas foram enterradas com o pretexto de dar o verdadeiro lugar à voz do cantor. 

Os homens cavam grandes buracos e colocam lá dentro as caixas de som, de aproximadamente 2x2m. Colocam estacas de madeira, formando uma grade, e por cima uma tampa. Essa tampa de madeira é coberta com terra, e os homens saem de cena. A música começa a tocar, e as imagens do solo, do céu azul e do sol aparecem de acordo com a música. 

 

Nuno Ramos 

Nuno Ramos nasceu em 1960 em São Paulo e é formado em Filosofia. É escultor, pintor, desenhista, cenógrafo, ensaísta e videomaker. Para compor suas obras utiliza materiais diversos, e trabalha com gravura, pintura, fotografia, instalação, poesia e vídeo. 

Começou a pintar em 1983 e realizou seus primeiros trabalhos tridimensionais em 1986. Em 1994 ganhou uma exposição intitulada 111, com referência ao Massacre do Carandiru. Participou em 2010 da 29ª Bienal de São Paulo, com uma instalação polêmica, onde havia três urubus e caixas de som tocavam músicas, sendo muito criticado. Por ordem judicial, os animais foram devolvidos à reserva onde eram criados. 

Nuno também publicou livros. Em 1993 Cujo, em 1995 Balada, e em 202 O Pão do Corvo.